CLXV
I
de cem caminhos, todos passageiros,
estrangeiro sem data nem pousada
como estação ruidosa de viageiros;
que fez aos quatro ventos a jornada,
disperso coração por cem sendeiros
de terra plana ou pedra aborrascada,
largada sorte em mar de mil veleiros.
Enxame que hoje retorna a colmeia
quando o bando de corvos enrouquece buscando sua penha denegrida,
volta meu coração a sua faina
com néctares do campo que floresceno luto dessa tarde desabrida.
IV
Esta luz de Sevilha... É o palácio
onde eu nasci, com seu rumor de fonte.
Meu pai, em seu despacho. — A alta fronte,
a breve mosca, seu bigode lasso —.
Ainda jovem. Lê, escreve, folheia
seus livros e medita. Se levanta;vai para porta do jardim. Passeia.
Às vezes fala só, às vezes canta.
Seus grandes olhos de fitar inquieto
agora errar parecem sem objetoaonde possam pousar, no vazio.
Já fogem de seu ontem pra amanhã;
e já fitam no tempo, — pai, vigio —, piedosamente esta cabeça cã.
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