"Japão de esconderijos"
Állex Leilla
O tempo todo
toda a manhã
as sombras todas
harpas tecido lã corações.
Os medos todos
lenços meias divãs
os frascos todos
a tarde mumificada o frescor.
Os vidros todos
cadeiras fitas nylon
os anéis todos
começos céus violões a cor.
Os não-prazeres todos
clareza fugacidade sabor.
Os repentes todos
arcas corações o que já passou.
Essas manhãs
e outras manhãs.
Állex Leilla
***
Amormeu, mar absoluto,
dos fios dos teus cabelos que ficaram pela casa
preciso, cautelosa, construir outra manhã.
[...]
Te falo as coisas mais claras quando a luz do sol falta.
Te falo as coisas mais duras quando a claridade a tudo recobriu.
Amormeu, tempestade absoluta,
não pedi aos céus que viesses, não pedirei que fiques.
O mundo me acostumou a coisas grandes:
O mundo me acostumou a coisas grandes:
mares sem porto, felicidades maceradas,
roupa limpa no varal.
Nunca, jamais fui pouca
no centro da vida de todos os meus amores, os outros.
E assim acostumada a ser o muito e o tudo
derrapo miúda na manhã em que percebo:
sobrará quase nada de mim no depois.Nunca, jamais fui pouca
no centro da vida de todos os meus amores, os outros.
E assim acostumada a ser o muito e o tudo
derrapo miúda na manhã em que percebo:
[...]
Állex Leilla