APRENDIZADO
Gritava a alma
como grita o porco:
a grande noite
não a socorria
e o último eco
nascia morto.
Bebia
a água e bebia o porto:
navios que
atracavam na garganta
e algas
recompondo hortos.
Havia a vida e
havia o dorso
deitado no
silêncio desse dia
e havia ainda o
olhar absorto.
Ah!... Havia o
corpo...
Havia o corpo, que aprendia
a manejar a
vontade e enfim sorria.
Wladimir Saldanha. Culpe o vento. Rio de Janeiro: 7Letras, 2014, p.70