A VIDA INTEIRA
ESTA EMPREITADA
Se desejou
alguma vez
ruflar na calma
dos meus braços,
foi fogo branco
de uma fênix —
queimou, fugiu
no descompasso
entre a sonhada
captura
e esse vazio ou
quase nada,
que faz sorrir
certos amigos,
olho do ser —
vida acordada.
Voo invisível
que norteia
meu coração e
seus velames,
insufla luz
dentro das veias
a circular num
autoexame.
Mas, o convívio
agora: espreita,
com o seu
pássaro sem sombra,
perturba e dana
com rasantes —
o corpo cai, da
mente zomba.
Por mal olharem
vão dizer
(desconhecido ou
inimigo)
que são efeitos
deste lápis
sobre o papel, modesto
abrigo,
para a grandeza
que só posso
forçosamente
contemplar;
também revolto,
vil blasfemo
como quem deve e
quer cobrar.
A dimensão necessária. Ilhéus: Mondrongo, 2014, p.21,22.