ADÉLIA DE CASTRO
DEFRONTE A UM JAZIGO PERPÉTUO,
NA IGREJA DA
GRAÇA
“Aprendi a
esperar algumas coisas:
amigos, certos
livros, boas chuvas,
a luz dentro do
tempo nas manhãs,
o seu corpo
sonhando no meu colo,
os versos
invisíveis mais à mão,
a passagem das
horas descabidas
em que as
harpias seculares guincham
meu nome de
batismo como cúmplice.
Aos pés da
espera, sentam-se as idades
e a paciência é
fruto de outra espera,
tendo o silêncio
como ouvinte único.
E cai o gota a
gota dos segundos
no olho do real
com mais doçura
e entendo que
esperar sustenta o mundo.”
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