O ENTE AMADO DE EMILIANO
Teu cavalo morto
Renascerá principalmente
Com o verão nas árvores
E não estarás oculto
Como um salteador de estradas
Ou um solitário irredimível.
Teu cavalo morto
Renascerá após a agonia dos bois
Nos currais ensolarados
E saberás distinguir
Essas questões difíceis que propõem
A qualquer homem vivo.
Teu cavalo morto
Renascerá à semelhança de um deus
Deslumbrante e amoroso.
Envelhecerás sozinho e triste
Até que o ar sufoque os corvos e os livros,
Comprimindo a cruz ao sol.
Teu cavalo morto
Renascerá como nunca pensaste,
E logo ficarás tranqüilo.
(1968)
José Carlos Targino. Cadernos de poesia nº8. Recife: Fundarpe, 1997, p.18.