quinta-feira, 23 de julho de 2015

BATACLAN


Também nós passaremos, coronel,
como o teu charuto
como o senhor mesmo
como essa polaca!

É o tempo, com sua taca,
a dar no pobre turista
que entra e sonha a luxúria,
vai depois à lojinha comprar
a coisa de lembrar: o souvenir

             − eu sei, coronel, eu sei,
mas a memória
já te põe no colo,
enrola o dedo em teu bigode,
te sapeca um beijo
de não sei quantos mil-réis!

Beijo que me dá de graça,
a mim que sou o senhor mesmo,
e ela agora essa polaca,
todos nós o teu charuto, coronel:

                                                      essa fumaça.

Wladimir Saldanha. Cacau inventado. Ilhéus: Mondrongo, 2015, p.27