O EX-REAL & A ANTIPESSOA
Desse lado da ponte, o ex-real,
à beira da corrente, pende em surto;
a antipessoa,
em espera igual,
é o espantalho do seu próprio fruto.
Tomaram a cidade num caudal,
erguendo e desabando viadutos;
abrir corações vivos é plural,
o deslimite é um projeto mútuo.
Nas retinas da treva, o velho caos
instilam esse dois em duo-amputo;
ossadas da matéria e do verbal
espalham como pétalas e engulho.
O inferno aberto pelos dois é tal
que desse entulho rompe mais entulho
– e a vida, reduzida ao infernal,
é o seu próprio cadáver insepulto.