QUARTO TEMA SEM JÚBILO
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Uma angústia desnuda entre os pinheiros,
procura a sua pátria: mas que encontra,
sob a lua quebrada, senão névoas?
procura a sua pátria: mas que encontra,
sob a lua quebrada, senão névoas?
Há
um frio que não dorme nessa espera
de braços arrancados: por que tentam,
mesmo presos ao chão, furar os ares?
de braços arrancados: por que tentam,
mesmo presos ao chão, furar os ares?
Por
que, se não são livres, se condenam
a suportar o hálito dos anjos
e, nos nervos, crispada a Voz irmã?
a suportar o hálito dos anjos
e, nos nervos, crispada a Voz irmã?
Por
que o horizonte empanam mais que a névoa,
se o não podem violar? E se esse frio
lhes murchou as capelas invioladas?
se o não podem violar? E se esse frio
lhes murchou as capelas invioladas?
Senão
porque uma voz lhes fala em vida,
mesmo quando longínqua? E a voz do encontro,
quem sobre e sob a terra calará?
mesmo quando longínqua? E a voz do encontro,
quem sobre e sob a terra calará?
Se
ela, a Irmã, a mais próxima do sangue,
em seu colo de espera traz amarras
que são ainda mais firmes que as do chão?
em seu colo de espera traz amarras
que são ainda mais firmes que as do chão?
Por que a
angústia desnuda entre os pinheiros
procura a sua pátria, e além da lua,
não vê que a pátria está chorando névoas?
procura a sua pátria, e além da lua,
não vê que a pátria está chorando névoas?
Ângelo Monteiro. Todas as coisas têm língua. Recife: CEPE, 2008, p.299