segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O meu amigo, poeta e editor, Gustavo Felicíssimo, está fazendo um trabalho impressionante. Quando, em 2013, ele me convidou para publicar o livro A dimensão necessária, eu até duvidei: "-- Você publica mesmo?" E não é que o cara publicou! Quem quiser comprar o livro A dimensão necessária, é só ir ao site da Mondrongo: http://www.mondrongo.com.br/   
PASSEIO SENTIMENTAL

Let us go, then, you and I...
T. S. Eliot
1

Não se apieda de mim meu coração...
Um exórdio exigente. Segue em dúvida:

Com essa bela chaga vim ao mundo;
foi toda minha herança...Depois cala,

abandona os ensaios de lirismo,
e sai a caminhar

como quem dá um adeus definitivo
ao impossível com um ricto póstumo.

2

Caminhemos, meu cão, sim, caminhemos...
(Vozes alheias ainda o acompanham.)

Na verdade, são três os cães que o seguem.
Os cachorros saltitam fratricidamente,

Porém, o Zoilo corre atrás dos quero-queros.
O areal se derrama sem limites

e o momento é propício. Na ribeira reina
a solidão feliz: plantas e pássaros.

É paz fingida o silêncio da hora?
Se o coração nega, o esplendor se adensa.

3

O poente é cegante com seu ouro
e para ele o céu é ócio puro.

A divisa intocada do verão – 
a andorinha o deleita numa imagem:

baixando como um dardo para o espelho
do rio quase imóvel,

bebe a ínfima gota que a sacia
sem deter seu voo, sem machucar a flor d’água. 


Ricardo H. Herrera, poeta, ensaísta, tradutor nasceu em Buenos Aires, em 1949. Seus últimos livros são El espíritu del páramo. Cien poemas 1977-2009 (2011); En la paz de la página (2012); Cuestión de luz. Diecisiete poetas argentinos (2013); A los antiguos lobos de las musas. Ensayos elegidos 1987-2012 (2013); El latido de un día (2015). Desde 1999 dirige a revista-livro semestral Hablar de poesía  http://hablardepoesia.com.ar/  Recebeu o terceiro Premio Nacional de Ensayo Literario (1988), o segundo Premio de Poesía La Nación (1988), o Premio Academia Argentina de Letras de Ensayo (1996), e o prêmio Traduzione Libero Bigiaretti Città di Matelica (1996), e, em 2014, o prêmio Rosa de Cobre, reconhecimento da Biblioteca Nacional pelo conjunto de sua obra. Os excertos do poema aqui traduzidos (ao todo são 21) saíram no número 30 da revista Hablar de poesía. 


PASEO SENTIMENTAL


No se apiada de mí mi corazón...
Un exordio exigente. Duda y sigue:

Con una hermosa herida vine al mundo;
 Después calla,

abandona su ensayo de lirismo
y sale a caminar,

como quien da su adiós definitivo
a lo imposible con un rictus póstumo.


Caminemos mi perro, caminemos...
(Aún lo escoltan las voces de los otros.)

En realidad, son tres los perros que lo siguen.
Los cachorros retozan en luchas fraticidas,

en tanto el Zoilo corre tras los teros.
El arenal desborda los confines

y la hora es propicia. En la ribera reina
la soledad feliz: plantas y pájaros.

¿Finge paz el silencio de la hora?
El corazón lo niega, ahonda el esplendor.

3 

El ocaso lo ciega con su oro
y el cielo es ocio puro para él.

Emblema del día intacto de verano,
la oscura golondrina le regala una imagen:

desciende como un dardo hacia el espejo
del río casi inmóvil,

bebe la ínfima gota que la sacia
sin detener su vuelo, sin dañar el cristal. 



segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Lançamento do livro Ave noturna, de Márcio Matos, do qual tive o prazer de escrever a orelha. Com a belíssima capa de Mel Campos. Policial? Psicológico? Tudo isso junto e um pouco mais. Da orelha: "Densa em seu conteúdo, trágica no seu desenlace, severa em sua psicologia, vigorosa em sua linguagem, Ave noturna é uma novela com pouso certo no coração dos leitores atentos." Márcio Matos é autor do romance A suave anomalia (Casarão do Verbo, 2010), e do livro de contos A noite em que nós todos fomos felizes (P55, 2014). 


sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Emmanuel Santiago, poeta que eu colocaria - coloco - numa antologia da melhor poesia brasileira contemporânea, escreveu o texto (link abaixo) faz um tempo, no entanto, permaneceu inédito, e eu sei que elogio em boca própria é vitupério, mas... um vituperiozinho de vez em quando não é tão pecado assim:
http://antenasdemarfim.blogspot.com.br/2015/11/a-poesia-de-joao-filho-luz-de-joao.html 

Emmanuel Santiago é o autor de um estranho e belíssimo Pavão bizarro. Livraço. Quem quiser adquirir é só ir aqui:
http://editorapatua.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=240

Quem quiser ler uma rara sextina do Pavão bizarro, procure neste blog em Poesia alheia - Emmanuel Santiago. Aí do lado.
Quarta, 04 de Novembro de 2015 - 16:50

Poeta baiano recebe Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional

por Ailma Teixeira
Poeta baiano recebe Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional
João Filho no lançamento, em 2014 | Foto: Reprodução/ Cemanos de Itabuna
O poeta baiano João Filho recebeu o Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional na categoria Poesia. Em “A Dimensão Necessária”, o poeta natural de Bom Jesus da Lapa apresenta seis séries de poemas inéditos, que começaram a ser escritos em 2006. No momento, o autor está em Buenos Aires para apresentar alguns poemas do livro que serão publicados em uma revista argentina. Na volta, vai direto para Manaus participar do Seminário de Literatura.

“A Dimensão Necessária”, livro publicado em meados de 2014, é parte de uma coletânea da editora Mondrongo, sediada em Itabuna, no sul da Bahia. “Essa série se dedica a divulgar esses poetas, 
já conceituados dentro do meio literário, que começaram a divulgar seus livros no final dos anos 1990”, detalha Gustavo Felicíssimo, editor e fundador da editora. A Mondrongo nasceu há quatro anos, em 2011, como um “braço editorial” do Teatro Popular de Ilhéus. Hoje, a editora possui mais de 120 títulos publicados dentre poesias, contos, romance e ficção. Eles contam também com um selo destinado especificamente aos livros infantis.

Com o prêmio de Melhor Livro de Ficção, em 2014, pela União Brasileira dos Escritores, Felicíssimo não poupa elogios à editora. “Você pode não acreditar, mas hoje nós somos uma das três editoras mais relevantes do Estado da Bahia”, afirma. A Mondrongo foi premiada com o livro “Canção de Ninar Estátuas” do autor carioca Luiz Poeta. De acordo com o editor, essa foi uma das poucas obras publicadas de autores de outros estados.
Capa do livro "A Dimensão Necessária" | Foto: Reprodução
No resultado, divulgado nesta quarta-feira (4), no Diário Oficial da União (DOU), há predominância de editoras independentes. Apenas as categorias “Romance”, que elegeu a autora Tércia Montenegro com o livro “Turismo para Cegos” (Companhia das Letras), e “Literatura Juvenil”, que elegeu Mario Teixeira com “A Linha Negra” (Editora Scipione) foram exceções. Os demais eleitos representam editoras menores, como o livro "Sem Vista Para o Mar" (Editora Edith), da autora Carol Rodrigues, premiado na categoria “Conto”. A obra é finalista da categoria no Prêmio Jabuti 2015.

Prêmio Biblioteca Nacional, 2015 - Lista dos vencedores é divulgada.

CATEGORIA POESIA

VENCEDOR

João Filho com a obra “A dimensão necessária”, publicada pela Editora Mondrongo.

COMISSÃO JULGADORA 

  • Adriano Espínola
  • Antonio Cícero
  • Leonardo Fróes