quinta-feira, 16 de julho de 2015

MADRUGADA DOS DIAS DE TODOS OS DIAS


Ela chega de mansinho e me confia (e como os meus pensamentos vão longe) à sua seiva de esplendor. Dia após os dias do interstício de vidros circulares no meu quarto eu retinha o frescor roseado na memória a fortificar os meus pensamentos noutras noites, prenúncio marcado pela oração de agradecimento ao Senhor pela Luz Acolhedora, Luz do Mundo: Vida.

Noites. Guardo aqueles momentos: uma flor no jardim debaixo da minha janela por onde entrava um perfume de fechar os olhos e imaginá-la... A mesa próxima da janela. A luminária: luz para as palavras; um papel solto; um lápis. Um poema escrevia, lia, reescrevia... Perdia-me nas noites métricas terminadas em dias brancos almofadados pelas nuvens-condutoras alçando-me ao poema perfeito do poeta à Vida: frescor do tempo...

Quando o sol chega, aquelas mesmas nuvens alvas almofadadas esvaem-se para o sorriso azul do mundo receber as tardes, quando se despedem do sol e outra noite chega com o brilho do lírio branco marcado no quarto, madrugada adentro de todos os tempos:

Com você as minhas noites são dias;
O silêncio chega e os dias são glórias.
Mesmo sem o verbo, você é toda palavra:
Aurora.

Luiz Bragança de Pina. http://www.andiracomunicacao.com.br/blog/