sexta-feira, 28 de novembro de 2014

APRENDIZADO


Gritava a alma como grita o porco:
a grande noite não a socorria
e o último eco nascia morto.

Bebia a água e bebia o porto:
navios que atracavam na garganta
e algas recompondo hortos.

Havia a vida e havia o dorso
deitado no silêncio desse dia
e havia ainda o olhar absorto.

Ah!... Havia o corpo...
Havia o corpo, que aprendia
a manejar a vontade e enfim sorria.

Wladimir Saldanha. Culpe o vento. Rio de Janeiro: 7Letras, 2014, p.70