terça-feira, 15 de setembro de 2015

A sutilíssima arte de Davi Ribeiro. Que não tem blog, e é, pessoalmente, como seus haicais -- quase só silêncio.    


Pequena ave canta:
o silêncio em sucessão
vem cobrir o mundo.

***

O místico olha,
ante o tabuleiro de xadrez,
o norte do cosmos.

***

Na casa acanhada,
um rádio ligado alto:
canção para lua.

***

Fixado à cruz,
o Bom Ladrão suplica
a aurora celeste.

***

A Filha mais
inocente faz perguntas
truístas aos anjos.

***

Anda e mastiga um
biscoito, o velho feliz:
caminhos de pó.

***

Em quase lamento,
a criança imita um
carro de corrida.

***

Por trás da quitanda,
humilde a dama vende e
mendiga em conjunto.

***

Rua à noite, densa:
as baratas dão passagem
para pés mais largos.

***

Em boa forma, a
fumaça de café segue
ao teto: inverno.