08 –
Não leve nada,
vá só, sem bagagem,
o que ficar,
valeu, desapareça
ou não, e vai
doer, sem malandragem,
e desadianta não
querer, esqueça,
nada de choro,
esboço, uma sondagem
antes de ir,
espere o pior, desça
ou suba, assim,
sabendo, sem chantagem,
e desconfie dos
guias, mas aquiesça,
já que é inútil
resistir, herói
ou sábio não
serás, e se te derem
tais atributos,
é falso, vil lábia,
recuse tudo, o
dado se destrói,
nem pense que o
corpo é teu, se te ferem,
deves, pois
morrer é o dom da cobaia.
09 —
Não é tão sem sentido assim, senão
não
continuarias. Olha aí
mais um livro,
são quantos já? Pois vão
dizer, e com
razão, que o verso ali
— apesar do rigor e da canção —
é beco sem saída
e volta sobre si
mesmo, como um
guru da negação
numa espiral
irrespirável. Li
a estrangulada letra dessa vida,
na qual se
escuta o eco alucinado
do seu sonoro
círculo suicida.
Apesar da beleza deu enfado.
Exagero? Talvez.
A trilha é batida,
mas que gerou um
nome e alguns trocados.
A dimensão necessária. Itabuna: Mondrongo, 2014, p.76,77